Sinopse

"Neste espaço encontra-se reunida uma coletânea dos melhores textos, imagens e gráficos sobre o futebol, criteriosamente selecionados e com o objetivo de contribuir para a informação, pesquisa, conhecimento e divulgação deste esporte, considerando seu aspecto multidisciplinar. A escolha do conteúdo, bem como o aspecto de intertextualidade e/ou dialogismo - em suas diversas abordagens - que possa ser observado, são de responsabilidade do comentarista e analista esportivo Benê Lima."

quarta-feira, abril 29, 2015

Os Estaduais da Europa

POR CARLOS EDUARDO MANSUR

Daniel Alves, Messi, Suárez e Rafinha celebram gol do Barcelona

Pode parecer um disparate, mas há algo que aproxima os campeonatos estaduais do Brasil e as principais ligas nacionais da Europa. Claro que não é a qualidade técnica dos times de elite, tampouco o dinheiro movimentado ou o alcance mundial dos torneios europeus. Mas se observarmos a disparidade técnica entre os favoritos e os não favoritos, a disputa com desfecho previsível e concentrada em pouquíssimos favoritos, encontramos similaridades. É a globalização produzindo seus efeitos.

Até o olhar lançado sobre os favoritos, as avaliações e as cobranças tornam-se iguais. Um, dois tropeços ao longo da campanha, viram motivo de crise. Crise de rico, no caso deles. Porque em qualquer indústria do mundo a globalização significou concentração de riqueza nas grandes corporações. No futebol, não foi diferente. E talvez tenha sido muito mais intenso e chocante. As diferenças entre melhores e piores aumentaram. Com elas, a expectativa de que os superclubes massacrem domingo após domingo. O nível da exigência subiu para uns e, dramaticamente, caiu para outros. Marcas tradicionais, cheias de história, tradição e torcida, de repente se viram apequenadas por não terem embarcado no trem da globalização. Duro ver um 7 a 1 do Bayern sobre a Roma não ser mais tratado com ares de surrealismo. Vale o mesmo para os 6 a 1 dos alemães sobre o Porto. 

Nestes dois casos, estamos nos referindo à Liga dos Campeões. O que dizer dos campeonatos nacionais? No domingo, o Bayern de Munique tornou oficial, com quatro rodadas de antecedência, o tricampeonato alemão que já era certeza desde janeiro. No ano passado, foi campeão em março. Hoje, tem 15 pontos a mais do que o Wolfsburg. Na campanha, fez 6 a 0 no Paderborn, 8 a 0 no Hamburgo, 6 a 0 no Werder Bremen e distribuiu goleadas de quatro à exaustão. Na quarta-feira, deverá ser a vez da Juventus cumprir a protocolar missão de ganhar o Italiano pelo quarto ano seguido. São 14 pontos de vantagem sobre o Lazio a seis rodadas do final.

Tantas disparidades que os espanhóis celebram o mundo mágico de um campeonato polarizado entre Real Madrid e Barcelona. O time da capital, hoje vice-líder, tem sete pontos a mais do que o terceiro colocado e 13 à frente do quarto. Na Inglaterra, uma vitória a mais e o Chelsea será campeão com quatro rodadas de antecipação. Tem dez pontos de vantagem e um jogo a menos do que o Manchester City. Mas, justiça seja feita, a edição atual é exceção num país que tem preservado razoável nível de equilíbrio.

Bastou um tropeço no Real Sociedad para a Espanha inteira tentar entender o que se passava com o Real Madrid. Foi dado como um time sem futuro. Bastou o Barcelona perder um clássico e, em seguida, ser batido pelo Celta, para uma crise institucional com raros precedentes se apoderar do clube. E o Bayern? Perdeu para o Wolfsburg, depois empatou com o Schalke e as mais diversas teorias para explicar a "decadência" do time de Guardiola foram lançadas. Porque as derrotas para os menores, antes naturais, têm peso multiplicado na era dos superclubes. É como nos estaduais de nossas bandas. Se você for técnico, perca para um pequeno, não chegue às finais, e durma com a crise. Ou, antes disso, perca seu cargo. Demitir treinador é esporte nacional dos mais praticados.

A certeza de que os superclubes ganharão seus torneios nacionais é a mesma que se tem no Rio de Janeiro, em São Paulo ou no Rio Grande do Sul de que os clubes mais importantes brigarão pelo título. Trata-se da mesma convicção de que, no caminho, aplicarão grandes goleadas. E se há algo que jogue a favor das nossas disputas é o fato de não serem poucos os estados brasileiros com mais candidatos ao título do que as ligas nacionais europeias.

O perigoso é o efeito colateral da globalização. Gerar campeonatos em que ganhar é obrigação. Efeito sentido claramente nas ligas europeias. O mundo que vai abolindo fronteiras sem cerimônia parece dar o devido reconhecimento apenas a quem alcançar as conquistas mais próximas do global. O topo da pirâmide fica cada vez mais estreito. Perdem-se protagonistas, perdem-se histórias, ameaçamos  riscar do mapa a excitação dos duelos entre vizinhos. Um risco que, aos poucos, o Brasil também corre.

Num fim de semana em que campeonatos exibem desfechos previsíveis, natural que a discussão tome a Europa de assalto. Mas será por poucos dias. Na semana que vem, Bayern e Barcelona farão o mundo parar. E desfrutaremos do outro lado da globalização. Duas seleções mundiais em choque e a sublimação do jogo bonito. O futebol sempre vale a pena.

Corinthians tem dívida de R$ 17 milhões com ex-atletas

MARCEL RIZZO
DE SÃO PAULO

O Corinthians admite que deve para atletas que defendem o time na temporada, mas terá que gastar dinheiro em 2015 também com profissionais que já deixaram o Parque São Jorge.

O clube tem pouco mais de R$ 17,1 milhões de despesa prevista para este ano com ex-funcionários do futebol.

O valor engloba dívida e prazos a cumprir dos contratos de direitos de imagem de seis atletas e do técnico Mano Menezes. Essa quantia foi incluída no balanço de 2014 com projeção de pagamento para 2015.

Entre os jogadores, está Alexandre Pato, que tem acordo até o fim de 2016 e está emprestado ao São Paulo.

O clube projeta despesa de direito de imagem com o atleta em 2015 de R$ 6 milhões, sendo que R$ 1,2 milhão é referente a valores atrasados.

Editoria de arte/Folhapress

O dinheiro a acertar com Mano é de R$ 2,6 milhões. Ele deixou o clube em dezembro de 2014, ao fim do contrato.

Há casos de pagamentos previstos a atletas que já saíram do Parque São Jorge há quatro anos, como o atacante Souza, que, segundo o balanço, precisa receber R$ 2,5 milhões. Ele não joga no Corinthians desde 2011.

Os R$ 17,1 milhões que precisa pagar a ex-funcionários equivale a 44% dos R$ 39 milhões que o clube planeja pagar em 2015 de direito de imagens.

"Estamos negociando com três instituições financeiras para conseguir o dinheiro para quitar as dívidas. No ano passado, devido a problemas tributários, tivemos que sacrificar alguns outros pagamentos", disse o diretor financeiro do clube, Emerson Piovezan, que assumiu em fevereiro de 2015 após posse do novo presidente, Roberto de Andrade.

A prioridade do clube, porém, deverá ser pagar dívidas com atletas que estão no clube neste momento.

Direito de imagem é um contrato firmado entre clube e uma pessoa jurídica, normalmente empresa aberta pelo jogador ou de algum representante dele, em que boa parte do salário acertado na negociação é pago.

No caso do Corinthians, alguns atletas recebem entre 20% e 30% dos vencimentos por meio de direitos de imagem, com exceções, como Pato, que recebe mais de 50%. O clube pretendia utilizá-lo como garoto propaganda em comerciais ou eventos –o restante dos vencimentos segue as regras da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho).

"As dívidas ocorreram, principalmente, após o início da crise econômica do país, em 2013. No ano passado, as empresas investiram em ações voltadas para a Copa, não a clubes, o que também diminuiu a receita", disse Raul Corrêa da Silva, diretor financeiro do clube entre 2007 e fevereiro deste ano.

Nos últimos anos, diversos clubes, inclusive o Corinthians, têm reduzido o número de contratos desse tipo. Isso ocorre porque a Justiça tem concluído, em alguns casos, que o direito de imagem é uma maneira de o clube forjar o contrato de trabalho, deixando de pagar tributos. 

segunda-feira, abril 27, 2015

Treinadores e Personalidades

Por Oscar Cano 
Redator de Futbol-tactico.com

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José Mourinho passou como um ciclone pela Liga espanhola. Seu caráter colidiu frontalmente contra farândola que tratam de impor a mídia. Os conflitos foram acontecendo quase que semanalmente, porque ele tampouco evitava ao contato. Tal foi o desgaste que entre eles a sensação foi criada, e mais tarde a realidade, que tinha dividido o plantel do Real Madrid. Como os resultados não estavam vindo, eles inventaram a desculpa perfeita: sua natureza, sua mão dura não combinava com tratamento que devem receber esses tipos de jogadores. Buscou mão esquerda, um perfil mais paternalista, um treinador que fizesse deixando fazer.

A cabeçada de Sergio Ramos quando expirava o tempo acrescentado na final da Champions League resolveu midiaticamente a Ancelotti e seus valores servis como uma panaceia para a direção de um grupo de elite. Que golpe de sorte, levantou o caráter do italiano até o ponto de ler que seria conveniente convertê-lo no Ferguson da equipe de Florentino Pérez. Sete meses depois, as dúvidas que surgem dos resultados voltam a aparecer, e aquilo pelo que ascenderam ao panteão de deuses torna-se seu principal defeito.

Agora já não serve o diálogo, a calma para resolver transes diários. Está perdido e se vira para exigir a inflexibilidade de antes. Cada um é como é, e honestamente não acho que é uma questão de como ser. A chave está no que no campo, o que acontece nas sessões de treino, ou seja, no jogo.

A isso devemos dedicar-nos aos treinadores seja qual seja a nossa personalidade. Para encontrar os recursos mais úteis que estão entre os jogadores do plantel, transcender os temas, saber que por muito elitista que seja uma equipe deve treinar com seriedade, implementar uma ideia e dotar de variáveis. Guardiola tem mostrado que pode, e deve treinar rigorosamente por mais que nos aconselhe que a estes jogadores top unicamente têm que mantê-los felizes exigindo-lhes pouco.

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Os 50 cargos mais felizes do Brasil

Love Mondays pesquisou sobre os trabalhos que fazem profissionais mais e menos satisfeitos

A group of adults in a bussiness or education setting.  Female in the foreground looking and smiling at the camera.

Jovens aprendizes, trainees e estagiários ocupam cargos de início de carreira, mas demonstram ser os mais satisfeitos com seu trabalho. Do outro lado, carteiros, agentes de correio e operadores de telemarketing revelam ser os profissionais mais insatisfeitos com sua atividade. É o que aponta levantamento realizado pela Love Mondays, plataforma de carreiras na qual funcionários avaliam as empresas onde trabalham.

A consulta, realizada em março deste ano a partir de 14.107 opiniões de profissionais cadastrados no portal, procurou identificar o grau de satisfação dos trabalhadores com os cargos que ocupam a partir de cinco indicadores: satisfação geral no trabalho, satisfação com remuneração e benefícios, oportunidades de carreira, cultura da empresa e qualidade de vida. A satisfação foi avaliada em escala que pode variar de 1 a 5 pontos, sendo que 1 representa um profissional ‘muito insatisfeito’ e 5 um profissional ‘muito satisfeito’.

Os 10 cargos que apresentaram o maior grau de satisfação foram jovem aprendiz (3.85), trainee (3.82), estagiário (3.79), consultor de vendas (3.76), consultor sênior (3.75), promotor de vendas (3.75), gerente de vendas (3.74), supervisor (3.73), gerente (3.70) e consultor (3.68).

Na outra ponta aparecem as 10 profissões com maior grau de insatisfação: carteiro (2.30), agente de correios (2.73), operador de telemarketing (2.75), analista de suporte (3.0), atendente (3.01), escriturário (3.08), atendente de call center (3.10), operador (3.15), operador de caixa (3.16) e programador (3.2). 

“Esse levantamento mostra que os profissionais em início de carreia são os mais satisfeitos com seu trabalho. Isso provavelmente se deve ao investimento que as empresas fazem no desenvolvimento de jovens talentos e também à empolgação do profissional no início de sua carreira”, explica Luciana Caletti, CEO da Love Mondays. “Em contrapartida, os profissionais mais insatisfeitos com o seu trabalho são aqueles que ocupam cargos mais operacionais. Geralmente tais profissionais reclamam da falta de reconhecimento e de oportunidades de progressão na carreira. Sabemos que profissionais mais satisfeitos são também mais produtivos, e por isso é importante que as empresas revejam suas políticas e façam o possível para motivar e reter profissionais que ocupam esses cargos”, completa.

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sábado, abril 25, 2015

Clássico é quando o favoritismo é mais teórico que prático

Desconsiderar pros e contras de um confronto constitui um comodismo inaceitável para quem comenta

Todos querem saber quem é o favorito quando temos um clássico. Pergunta-se, questiona-se, argumenta-se, mas convicção mesmo só quem a tem (embora carente de embasamento) são alguns torcedores mais apaixonados. Chavões como ‘as camisas equilibram o jogo’ e ‘em clássico não há favoritismo’ são sempre lembrados e tirados da caixa de pré-prontos ou do caixote de antiquários, a fim de animarem o repertório inconfiável de argumentos e justificativas.
Se o que dizemos é válido para os maiores confrontos do futebol mundial, também o é quando lançamos nosso foco (que palavra oportunista!) para nosso futebol – o cearense.
O 'in-yang' das equipes
Yin Yang das equipes
Os comentaristas-torcedores são verdadeiros caçadores de argumentos, especialmente de pseudos argumentos ou sofismas. Logo arrumam um punhado deles para justiçar suas pseudo-teses de favoritismo. Assim, ora o Ceará ora o Fortaleza assumem essas posições de favoritismo, com ou sem justificavas ou mesmo meras explicações com um mínimo de consistência e plausibilidade.
Portanto, vamos construir um breve arrazoado, nada científico e nem tanto técnico, como provocação mental para quem tem como negar ao torcedor imanente um pequeno fôlego de não passionalidade.
Proporei a mim algumas perguntas e questionamentos que, à medida que forem respondidos, exporão nossa análise sobre as duas equipes que estarão em confronto neste e no outro final de semana.
Ø Pré-condições do confronto

Fortaleza
Teve 10 de dias de preparação, com direito a um programa de treinamento que deveria ser adequado e conter características voltadas para a feição de jogo decisivo contra um adversário conhecido. Se o trabalho foi realizado de forma adequada tem, portanto, uma ligeira vantagem preparatória. (De 0 a 100 pontos, 95 pontos)
Ceará
Serviu-se dos confrontos anteriores entre ambos para fazer seu planejamento para a partida deste domingo. Seu plano de jogo é muito mais prospectivo, sendo por isso mais teórico que prático e mais reativo que proativo. Também constitui uma leve desvantagem a diminuição do foco da equipe pelo fato de estar disputando as finais da Copa do Nordeste. Em contrapartida, está em ritmo de jogo altamente competitivo. (De 0 a 100 pontos, 85 pontos)
ü Avaliação das potencialidades das equipes e elencos

Fortaleza
Possui um elenco que em número nada fica a dever ao do adversário. Porém, do prisma técnico se iguala em algumas posições, mas se vê inferiorizado em outras. O balanço técnico do grupo é ligeiramente favorável ao adversário. No aspecto físico não dispomos de informações suficientes para destacarmos um ou outro time. Todavia, o número de jogadores sem estarem no melhor de suas formas físicas é maior que o do Ceará. As opções de banco também são ligeiramente inferior, tanto no aspecto técnico quanto no potencial de alteração do repertório tático. (De 0 a 100 pontos, 70 pontos)


Ceará
O elenco à disposição é rigorosamente em menor número que o do adversário. Entretanto, não perdeu titulares de fato para esse primeiro confronto. Em circunstâncias normais, o zagueiro Sandro e o atacante William não são titulares e o meia Wescley disputa uma vaga no meio de campo. Portanto, não podem ser considerados propriamente desfalques. Já pelo adversário,  Lima e Vinicius Hess seriam titulares e importantes no esquema do treinador Marcelo Chamusca, mas estarão ausentes. (De 0 a 100 pontos, 90 pontos)
ü Características gerais e nuances das equipes

Fortaleza
Em jogos que não seja contra o Ceará, o Fortaleza costuma propor jogo desde os minutos iniciais, tendo esta fase uma duração de até 15 minutos. Nesse tempo a equipe demonstra maior movimentação, transições com maior povoamento e compactação, uma melhor distribuição da geometria de seu jogo e maior intensidade. A partir daí, em tendo um adversário qualificado, divide com ele em proporção parecida as iniciativas do jogo. Na fase final da partida costuma ter um jogo mais pautado no individualismo que no aspecto coletivo. Nesse período crucial da partida costuma enfrentar dificuldades no tocante a marcação, em parte pelo esgotamento de seus principais jogadores. Cede espaços em sua organização defensiva e fica mais suscetível aos contragolpes. A alternância entre Auremir e Pio tem sido prejudicial à equipe. Auremir é mais marcador que Pio, e este não vive um bom momento, sobrecarregando Correa. (De 0 a 100 pontos, 85 pontos)
Ceará
As dificuldades da equipe costumam ser mais contingenciais. Há demonstrado maior equilíbrio que seu adversário nas suas três linhas: defesa, meio-campo e ataque. Magno Alves toma conta dos dois zagueiros adversários e Assisinho e Marinho marcam as subidas dos laterais. Quem funciona como meias marcam os volantes adversários e os volantes vigiam os meias rivais. Com Samuel Xavier e Fernandinho, os zagueiros passam a ter uma proteção adicional, sobretudo com Fernandinho que tem mostrado uma nova e positiva faceta como marcador. O goleiro Luis Carlos se equipara a Deola, tendo a seu favor ser mais constante e vívido (ligado). Ao Ceará há um desafio específico deste jogo para ser vencido: a focalização. O foco do Fortaleza em tese é um pouco maior. (De 0 a 100 pontos, 90 pontos)
ü Pontuação geral avaliativa (meramente teórica)

ü Fortaleza: 250 pontos em 300 possíveis

ü Ceará: 265 pontos em 300 possíveis

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terça-feira, abril 21, 2015

Qual é a regulamentação para atuar como treinador de futebol no Brasil?

Universidade do Futebol esclarece disputa entre entidades que representam as categorias dos treinadores e dos professores de Educação Física

Equipe Universidade do Futebol

Treinador

 

A regulamentação da profissão de treinador de futebol no Brasil vem sendo debatida há muitos anos. No centro deste debate estão, de um lado, as entidades que representam os profissionais de Educação Física, em especial CONFEF (Conselho Federal de Educação Física e CREF's (Conselhos Regionais de Educação Física) e de outras instituições sindicais representativas dos treinadores que não são certificados pelas Escolas de Educação Física, geralmente liderados por ex-atletas que pleiteiam ou já exercem a função de treinadores em clubes ou outras instituições futebolísticas.

Nesta quebra de braços, a vantagem muitas vezes parece ficar com as instituições mais organizadas e estruturadas que representam os profissionais formados em Educação Física. Porém a briga ainda está longe de encontrar um vencedor, apesar dos argumentos de ambos os lados. Recentemente, por exemplo, o SITREFESP (Sindicato dos Treinadores de Futebol do Estado de São Paulo) deu um golpe na instituição que representa os graduados em Educação Física, o CREF4/SP (Conselho Regional de Educação Física da 4ª Região), como veremos nesta matéria.

A partir do Decreto-Lei 3.199 de 1.941, reconheceu-se a presença de um profissional qualificado para trabalhar como treinador o indivíduo formado pela Escola de Educação Física e Desporto da Universidade do Rio de Janeiro. Trinta e cinco anos mais tarde, a Lei 6.354 de 1.976 dizia em seu artigo 27: "Todo ex-atleta profissional de futebol que tenha exercido a profissão durante 3 (três) anos consecutivos ou 5 (cinco) anos alternados, será considerado, para efeito de trabalho, monitor de futebol" (Brasil, 1976).

Entretanto, a regulamentação da ocupação de treinador profissional de futebol onde se estabeleceram as mesmas legislações do trabalho e da previdência social, se oficializou pela Lei 8.650 de 1.993, que dizia no seu artigo 3:

O exercício da profissão de Treinador Profissional de Futebol ficará assegurado preferencialmente:

I - aos portadores de diploma expedido por Escolas de Educação Física ou entidades análogas, reconhecidas na forma da lei;

II - aos profissionais que, até a data do início da vigência desta Lei, hajam, comprovadamente, exercido cargos ou funções de treinador de futebol por prazo não inferior a seis meses, como empregado ou autônomo, em clubes ou associações filiadas às Ligas ou Federações, em todo o território nacional".

Atualmente, a Lei Nº 9.696, de 1º de setembro de 1.998, que regulamenta a profissão de Educação Física, diz no Art. 3º:

"Compete ao Profissional de Educação Física coordenar, planejar, programar, supervisionar, dinamizar, dirigir, organizar, avaliar e executar trabalhos, programas, planos e projetos, bem como prestar serviços de auditoria, consultoria e assessoria, realizar treinamentos especializados, participar de equipes multidisciplinares e interdisciplinares e elaborar informes técnicos, científicos e pedagógicos, todos nas áreas de atividades físicas e do desporto" (Brasil, 1.998).

Há movimentos para se estabelecer uma regulamentação conjunta. A própria CBF, entidade que rege o futebol no Brasil, promove um projeto educacional que pretende, com o apoio de Fifa e Uefa, se tornar o curso oficial que permita o exercício da profissão do treinador de futebol. Mas a situação ainda permanece indefinida.

Por enquanto, o que vale mesmo é a qualificação - ou seja, competência - para determinado profissional desempenhar a função de treinador de futebol. Para isso, basta ele ter o aval da direção do clube, com ou sem chancela do CREF, ou de qualquer outra certificação.

Em 2009, por decisão da Dra. Silvia Melo da Matta, Juíza Federal Substituta, da 8ª Vara Cível da Justiça Federal de São Paulo, foi concedida a antecipação dos efeitos da tutela antecipada que garante aos técnicos e ou treinadores de futebol o livre exercício profissional.

A ação foi movida pelo SITREFESP, presidido por Mário Travaglini, que procurou salvaguardar seus associados com o direito de exercerem livremente o trabalho, sem que houvesse qualquer interferência do CREF4/SP.

Afirma a autora da decisão que a Lei 8.650/93, a qual dispõe especificamente sobre as relações de trabalho do treinador profissional de futebol, está sendo desrespeitada pelo CREF4/SP, pois está previsto em seu artigo 3º que a profissão de treinador profissional de futebol será exercida preferencialmente por portadores de diploma expedido por escolas de Educação Física, e não obrigatoriamente, como quer o CREF4/SP. Há ainda o argumento de que a Lei 8.650/93 é especifica da categoria, não cabendo qualquer tentativa de enquadramento em outra legislação ou normativa.

Além disso, o Conselho Federal de Educação Física - CONFEF e o CREF4/SP - são órgãos de representação, de disciplina, de defesa e fiscalização exclusivamente dos profissionais de Educação Física.

O técnico ou treinador de futebol não precisa estar inscrito no Conselho Federal de Educação Física e nem em Conselhos Regionais de Educação Física. Os clubes de futebol têm em seus quadros profissionais de várias áreas, entre eles médicos, fisioterapeutas, fisiologistas, nutricionistas e preparadores físicos. Estes fazem parte da comissão técnica de uma equipe, mas cada um está sujeito à inscrição nos conselhos que representam suas respectivas categorias profissionais.

A Dra. Sílvia acatou o pedido do advogado Dr. João Guilherme Maffia, que representou o Sindicato dos Treinadores na demanda, antecipando os efeitos da sentença, garantindo assim aos técnicos e ou treinadores de futebol, associados ao SITREFESP, o livre exercício de sua profissão, independentemente de estarem inscritos no Conselho Regional de Educação Física da 4ª Região de São Paulo.

O fato é que - apesar das acaloradas polêmicas - até o momento não existe no Brasil nenhum curso oficial que "autorize" alguém a ser treinador ou técnico de futebol. A eventual regulamentação que autorizaria o exercício legal da profissão simplesmente não existe. Por isso, o que se vê neste disputado mercado são clubes e instituições futebolísticas contratando os seus profissionais baseados em recomendações, indicações, experiência acumuladas ou então por suas competências específicas, e não preferencialmente a partir de sua certificação em Educação Física.

Enquanto a regulamentação não se efetiva, cabe aos profissionais e pretendentes ao exercício da profissão de treinador, qualificarem-se para bem exercer suas funções, sejam eles professores de Educação Física, ex-jogadores de futebol, ou qualquer outra pessoa que deseje seguir essa carreira.

Nesta direção e também preocupada com o movimento de regulamentação da profissão de treinador, a Universidade do Futebol se destaca ao oferecer cursos on-line e presenciais que objetivam promover a qualificação profissional dos gestores de campo (além do treinador, o assistente técnico, o preparador físico, o treinador de goleiros, o coordenador técnico, etc.), elemento indispensável para o adequado exercício de suas funções. E é sempre bom lembrarmos que qualificação profissional deveria ser pré-requisito para o exercício de qualquer profissão.

sábado, abril 18, 2015

Ferroviária vence e retorna à elite após 19 anos

A Ferroviária está de volta à elite do futebol paulista. Neste sábado (18), a equipe venceu o Guaratinguetá por 1 a 0, fora de casa, pela antepenúltima rodada da Série A2.

Com o resultado, o time chegou a 40 pontos e não pode ser alcançado pelo quinto colocado. Os quatro primeiros após 19 rodadas garantem o acesso.

A Ferroviária disputou pela última vez a elite do futebol paulista em 1996.

O time, fundado em 1950, brilhou já na década seguinte, quando foi tricampeão do interior e revelou nomes como o volante Dudu, que integrou a célebre Academia do Palmeiras dos anos 1960.

Para chegar à situação atual, o clube precisou "ressurgir das cinzas". Endividado, virou empresa e abriga suas partidas em uma nova casa, a Arena da Fonte.

O moderno estádio substituiu o tradicional Fonte Luminosa, graças a um investimento feito pelo governo federal de R$ 27 milhões.

A obra foi viabilizada na gestão do ex-prefeito Edinho Silva (PT), hoje ministro da Secretaria de Comunicação Social, que administrou a cidade de 2001 a 2008. Três dias antes da reabertura, a então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, visitou o estádio.

Leonardo Fermiano/Divulgação/Ferroviária

Lance do jogo entre Guaratinguetá e Ferroviária
Lance do jogo entre Guaratinguetá e Ferroviária

Reinaugurada em 22 de outubro de 2009 após um ano e quatro meses de obras, a arena recebeu 21.254 torcedores na vitória contra o Ituano, por 2 a 1. O local tem capacidade para 25 mil pessoas e já sediou jogos de clubes como Corinthians e Palmeiras.

A antiga Fonte Luminosa foi repassada à prefeitura como moeda de troca para a quitação de dívidas do clube.

Os quatro clubes rebaixados para a Série A2 foram Penapolense, Portuguesa, Bragantino e Marília. 

Folha de São Paulo

sexta-feira, abril 17, 2015

Teste: 24 das 27 federações ignoram torcedor

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Francisco De Laurentiis, do ESPN.com.br

Na última quinta-feira, o novo presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, assumiu o cargo com a promessa de "mudar o futebol brasileiro". Uma sugestão é começar melhorando a comunicação entre as 27 federações de futebol do país e os torcedores. Em teste realizado pelo ESPN.com.br, 24 entidades simplesmente ignoraram mensagens de e-mail enviadas para suas áreas de ouvidoria ou "Fale Conosco".

A reportagem mandou três perguntas (por meio de formulário próprio ou e-mail) para as 27 federações (26 Estados mais Distrito Federal). Os questionamentos foram todos enviados na última quarta-feira, 15/04, às 13h (horário de Brasília). Foi estipulado um prazo de 36h para as entidades enviarem resposta antes da publicação da reportagem, mas apenas três esclareceram as dúvidas de um torcedor fictício.

As três perguntas feitas aos ouvidores ou assessores responsáveis foram baseadas em dúvidas comuns de torcedores, segundo pesquisas. Foram elas:

1) Como faço para acompanhar o sorteio dos árbitros?
2) Onde nos estádios posso encontra uma cópia do regulamento do Estadual?
3) Quanto tempo depois dos jogos os clubes são obrigados a divulgar súmula e borderôs?

Os e-mails foram enviados de um endereço normal de Gmail, como se fossem de um torcedor comum, sem nenhum tipo de associação à ESPN.

As duas federações mais rápidas no atendimento foram as de São Paulo e Paraná, que demoraram cerca de 2h30min para responder. As explicações paulistas foram breves, mas satisfatórias, enquanto as paranaenses foram muito mais completas.

A outra entidade que respondeu foi a Federação Gaúcha, em cerca de 3h. As respostas também foram consideradas completas e satisfatórias.

Diversos sites, porém, apresentaram problemas. O da Federação do Rio de Janeiro, por exemplo, possui um formulário para envio de mensagem para a ouvidoria. A reportagem tentou enviar mensagens por diversas vezes tanto na terça quanto na quarta, mas, nos dois dias, recebeu alerta de erro. Isso se repetiu também no Ceará e Mato Grosso do Sul, entre outros.

Casos mais graves foram os da federação de Roraima, que nem mesmo possui site oficial (ao se fazer uma pesquisa no Google, não se encontra nenhuma página), e o da Brasiliense, que até possui site, mas com diversos problemas de navegação. A reportagem tentou acessar a área de contatos em três navegadores diferentes (Chrome, Firefox e Internet Explorer), mas não conseguiu.

A CBF também passou pelo teste e foi aprovada. A ouvidoria da entidade máxima do futebol respondeu aos questionamentos do ESPN.com.br em aproximadamente 2h.

Veja qual foi o feedback dado pelas federações via internet:

São Paulo
Quando respondeu: 2h30min após o envio da mensagem. A resposta esclareceu todas as dúvidas de maneira satisfatória.
Trecho da resposta: "O sorteio dos árbitros será amanhã, às 15h, no Salão Nobre da Federação, Rua Federação Paulista de Futebol, nº 55. O Sr. está convidado"

Rio de Janeiro
Quando respondeu: Não respondeu
Motivo: O site apresentou a seguinte mensagem de erro quando o formulário foi enviado: "Erro ao enviar o e-mail! Ocorreu um erro ao enviar o email"

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Em discurso, Del Nero critica MP e esnoba mata-mata no Brasileiro

SÉRGIO RANGEL
DO RIO
BERNARDO ITRI
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Del Nero

No primeiro ato como presidente da CBF, Marco Polo Del Nero entrou em rota de colisão com o governo.

No discurso de posse, o cartola atacou a medida provisória editada pelo governo para o refinanciamento das dívidas dos clubes.

Ao lado do ministro do Esporte, George Hilton, Del Nero fez questão de dizer que alguns pontos da MP "violam a Constituição federal, invadem a administração de clubes e federações e promovem cisão da unidade do futebol brasileiro".

O cartola defende que o texto da MP seja alterado consideravelmente no Congresso –a CBF acertou com os clubes que ninguém deve aderir ao refinanciamento sob as condições fixadas pelo governo.

A CBF é contra, por exemplo, a imposição de que os clubes tenham que investir no futebol feminino e nas categorias de base.

Del Nero também se mostrou contra a volta do mata-mata ao Brasileiro. "Não vejo necessidade", disse. Porém, avisou que vai ouvir os clubes a respeito. 

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